sexta-feira, 10 de maio de 2013


O Que Sentes

São teus dedos com que escondes e limpas lágrimas alegres, com os mesmos omites sorrisos envergonhados de quando te imaginas a meu lado, estrada fora, sem medo de futuros que se aproximam, antes desejosa de chegar aos futuros que longe de ti estão. Embaraçosas palavras que te segredo, elas, apaixonantes. No meio de beijos macios, suaves aromas da tua pele, veludo do teu olhar que acaricia as minhas mãos.
         Da tristeza de nem sempre te ter, poemas declamados em público, apaixonantes canções para os ouvidos de todos, palavras roubadas de um vocabulário imenso são dispostas em linhas, organizadas, de acordo com os traços dos teus lábios. Das letras que desenho, as tuas, que as ouço, são a libertação da alma muda que a nós pertence.
         No mundo da fantasia real, o nosso, falam os pássaros baixinho ao meu ouvido, dizem-me eles o quanto te faço feliz, oh! que tantos são eles, um bando de canários, todos eles músicos! Na nossa ilha, os peixes da vida, após o sermão, ensinam-nos todos os cantos que conhecem, os truques e dicas dos jogos que no teu dia-a-dia terás.
         Excelência, descrita no pano que segura ainda mais confiança, aquela que te faz ainda acreditar mais, lágrimas das tuas veias, garra e paixão que em nós corre. Isqueiro que não apaga, a chama que perdura, contra ventos e tempestades. Pedras que te assustam no caminho, guarda-as, construiremos com elas os muros e paredes do nosso castelo.
         Incenso dos teus carinhos, é o cheiro que quero ter comigo a cada inspiração, é o fumo que sai pela porta que se abre, por onde entram cores e flores, as mais belas!

Fernando Rodrigues 

terça-feira, 23 de abril de 2013


Amor, o glorioso
Em todo este tempo
desde que comecei a amar
verifico a cadência do meu ser
por acabar sempre, a amar demais
sem nunca antes perceber
que amar não é gostar, é muito mais.

É sentimento destruidor
que nos deixa sem reação,
que em nós causa dor
e um resto de aflição.

É algo que nos ilumina todos os caminhos,
é uma luz ao fundo do túnel.
Túnel esse, forrado a espinhos,
que nos perfuram e torturam sem piedade,
tornando o sangue derramado, espesso como mel,
não o deixando fluir até á mente.

Fazendo passar tudo para um papel,
papel sagrado esse, minha gente.
Sagrado, pois guarda toda a nossa história,
todo este amor ardente,
com alguma dor, mas também glória.
Glória adquirida
por assim te amar
porque pelo amor da minha vida
para sempre vou lutar.

Fernando Rodrigues

terça-feira, 16 de abril de 2013


A idosa
Pequenas estrelas
servem de espelho à sua beleza.
Pequenas lágrimas
servem de alívio à sua tristeza.
Os fios que te ligam,
o tic-tac soa no fundo do quarto,
uma voz que sussurra
e grita por socorro
anseia por liberdade,
pelo ar da rua
pela fuga à idade.
O tempo então voa,
lá vem outra ruga,
mais um defeito,
outro cabelo de neve.
Amaste a juventude,
amaste um sujeito.
Porém, aproxima-se a despedida
da tua jovem,
da tua vida.
O tic-tac pára,
a luz branca vem.
Viveste tudo,
ouviste e viste quase tudo,
mas descansa,
deixaste cá bons para ouvir e ver o resto.

Fernando M. Rodrigues

Guerra
Guerra,
a mais bela arte,
poder crescente da Terra,
do homem que não parte.

Da senhora que fica,
sorri e grita.

Anjo que vai,
dos seus cabelos castanhos,
ao infinito.

A voar eles vão…
Par de mãos dadas,
que correis para a guerra,
a guerra de almofadas.

Fernando M. Rodrigues

segunda-feira, 15 de abril de 2013


Caracóis, os Dela


Cor purpura,
que o vento levou
da saudade,
que tortura.
E até aqui,
me arrastou.

Luz que no céu toca
com um beijo,
o som da boca,
amor que vejo
sem te olhar.

Aquele todo que sinto,
insónia nascente.
Duro apertar do cinto
no peito ardente
pela saudade do tanto,
do tanto que és…
que me encantas.

O todo do tudo que dizes,
o tanto que fazes,
de todas as tantas que conheço,
tu sobressais.

Beleza natural que tens,
cascatas encaracoladas.
Flor, chave dos meus bens.
O sorriso, de quando vens,
lágrima feliz que cai
o beijo que lá foge
o grito de saudade que vai…
a tua mão que me segura, hoje.

A voz que me salva,
a tua.
A voz que me acalma, enquanto meu pensamento voa.

Agarrado ao teu mundo vivo,
feliz, mais do que nunca, estou.
Pelo sonho de te ter,
pelo meu ser que teu, se tornou.

Fernando M. Rodrigues


Pobre
Com botões soltos,
camisa aberta,
ele que se lança aos gritos
furioso, ridículo.

Sentimento,
a raiva,
de quem quer destruir,
o monumento,
a sua vida.

“Perderás tudo”,
voz que lhe sussurra.
Ele, agora mudo.
Dor que o esmurra,
caído, fraco.

Fernando M. Rodrigues

Gota de Água

         Pequena gota de água, sem segurança, sem saberes se cais, se te perdes no mar, se desapareces ou és engolida, suada ou até evaporada pelo calor do Sol.
         Digamos que gosto demasiado de ti, colocando-te num copo bem guardado algures no meu quarto, com o medo de te perder, com medo de que fujas ou que a estrela mãe te leve para um mundo de água algures, que sem querer sejas misturada com todas as gotas sujas do universo. Não permitirei nada do género, como disse, gosto demasiado de ti, gota da minha vida, a mais especial.
         Assim digo, lutarei contigo a meu lado, eu, homem sem alma, antes herói, agora o fim, dia após dia. Dado a que o teu brilho me dá a luz do caminho que terei de seguir eternamente.


Fernando M. Rodrigues